CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1997
Uma criança de 7 anos que entra
na escola para se alfabetizar já é capaz de entender e falar a língua portuguesa
com desembaraço e precisão, nas mais diversas circunstâncias da vida.
Essa criança aprendeu falar e
entende o que lhe falam, revelando um processo de aquisição da linguagem que teve grande desenvolvimento
a partir, do seu primeiro dia de vida.
A criança é qualquer criança
normal de qualquer parte do mundo.
É importante lembrar que essa
criança aprendeu a falar e entender o que lhe dizem. A escola não pode trata-la como um ser falido – se sobreviveu até agora é porque tem condições de aprender
e se desenvolver. Qualquer criança que ingressa na escola aprendeu a falar e a
entender a língua sem necessidade de treinamento especifico. Ela foi exposta ao
mundo linguístico que a rodeia e nele foi ela própria vai traçando caminhos,
criando o que lhe era permitido fazer com a linguagem.
Quando se diz que a criança já é
um falante nativo de uma língua, significa que ela dispõe de um vocabulário e
de regras gramaticais. Todo falante
nativo usa sua língua conforme as regras próprias de seu dialeto, espelho da comunidade
linguística a que está ligado.
Uma criança que entra para escola
pela primeira vez aos 7 anos já
trilhou um longo caminho linguístico, já
provou no dia-a-dia um conhecimento e
uma habilidade linguística muito desenvolvido. È preciso salientar ainda que
aos 7 anos uma criança pode ter mostrado sua capacidade intelectual de aprender
e fazer também outras coisas, não relacionadas à linguagem.
A criança pode levar um choque,
por mais que os adultos digam que a
escola é isso ou aquilo. Se ela for pobre , vier de uma comunidade que fala um
dialeto que sofre discriminação por parte dos habitantes do lugar onde se situa
a escola. A escola lhe dirá que tem problemas de discriminação auditiva porque
troca letras, não aprende a forma correta de escrever as palavras, concluindo,
por fim, que é preciso começar tudo de novo com essa criança. A partir dos
resultados negativos das avaliações que, para a criança, sempre acontecem nos
momentos errados, mas que a professora tem de exercitar porque o calendário escolar,
sintonizado com o relógio do tempo,
assim obriga a agir, a criança é finalmente considerada portadora de uma doença
educacional chamada carência, e dessa forma é submetida a métodos especiais. As
crianças sentem que não sabem reagir linguisticamente a isso. Quando crescem e
aprendem, será tarde demais para voltar atrás e dizer tudo o que deviam.
A escola não só interpreta erradamente
a realidade das crianças, como também não se preocupada com o que estas pensam
dela.
Uma criança que viu desde cedo sua
casa cheia de livros, jornais, revistas, que ouviu histórias, que viu as pessoas
gastando muito tempo lendo e escrevendo, que desde cede brincou com lápis,
papel, borracha e tinta, quando entra na escola, encontra uma continuação de
seu modo de vida e acha muito natural e lógico o que se faz na escola. Uma criança
que nunca viu um livro em sua casa, nunca viu seus pais lendo jornal ou
revista, que muito raramente viu alguém escrevendo
que jamais teve lápis e papel para
brincar, ao entrar na escola sabe encontrar essas coisas lá, mas sua atitude em
relação a isso é bem diferente da criança citada anteriormente. E a maneira que
a escola trata sua adaptação pode lhe trazer apreensões profundas, até mesmo
desilusões.
A escola moderna se envolveu num
emaranhado de teorias e métodos, mas se afastou, de fato , da realidade de seus
alunos. O que fez a escola? Creio que nem ele própria sabe explicar. É preciso
recuperar o fio da meada e começar a tecer de novo, não ao acaso, nem de
maneira mais complicada, do que o próprio mundo, mas na justa medida das
coisas. Por exemplo, ensinar português e
não fazer disso um campo de prova de teorias ou hipótese psicológicas, pedagógicas,
ou seja lá o que for.
Mas o que é ensinar português para pessoas que já sabem falar português?
a escola conservadora predomina com seus metodos, ja que a modernizaçao esta procurando campos mais vistos ou seja enquanto o foco esta nos galhos a doença da alfabetizaçao esta na raiz.
ResponderExcluirA escola deve e tem que saber diaguinosticar as problematicas do aluno, procurando saber primeiramente sobre o meio social em que essa criança esta inserida para poder se relacionar com esse aluno. Não apenas como um professor e sim como um integrante da turma.
ResponderExcluirA escola deve visar em primeiro lugar o contexto social que o aluno está inserido, pois a partir do conhecimento do sistema de vida do aluno, pode aplicar métodos e teorias que o ajudem a criar uma ligação entre a alfabetização a partir do letramento que construir no seu cognitivo através das situações vividas no seu cotiano, assim o aluno não deve se adaptar a escola, mas sim ela deve se adequar ao aluno.
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