Rodolfo Ilari (Unicamp)
As primeiras reflexões de um linguista brasileiro sobre o ensino da
língua estão contidas em um ensaio de Joaquim Mattoso Câmera Jr, em 1957 cujo
titulo “Erros de Escolares como Sintomas de Tendências do Português no Rio de
Janeiro". Nele se afirmava que muitos erros na fala e na escrita dos
alunos do ensino fundamental e médio, nada mais eram do que inovações pelas
quais estavam passando a língua portuguesa. Sendo assim Mattoso Câmara
recomendava que os professores tomassem a situação linguística então vigente no
Brasil como base o ensino da língua materna.
Nesse contexto dos anos de 1950 a mensagem de Mattoso
era inovadora, baseada uma nova ciência- a Linguística e se coloca nova no
campo pedagógico, uma vez que a chamada “democratização do ensino” ingressava
crianças e adolescentes de classes populares ao ensino, antes então fortemente
elitizada. A Linguística brasileira foi uma disciplina extremamente dinâmica:
pois criou-se uma nova figura de pesquisador profissional da linguagem- o
linguista, que acabou assumindo tarefas antes de responsabilidade da gramatica
e filólogo. Com isso levou a multiplicar as maneiras de pensar a língua e seu
estudo. E também serviu de suporte para a assimilação de uma série de teorias
sobre fenômenos em que a língua se envolve: a cognição, a capacidade humana de
agir e interagir, todo tipo de ação pedagógica, etc.
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