26 de junho de 2012

"Vulto solene, de repente antigo": o filólogo e o gramático
Antes da criação das disciplinas universitárias de Linguística na década de 1960, o estudo da língua ficava por conta de profissionais como: o filólogo e o gramatico. A Filologia tem suas criações no Humanismo e na Renascença, com atividades de alguns grandes estudiosos da literatura grega e latina, a qual suas atividades se baseava em compreender textos da antiguidade clássica e recuperar a forma original dos textos que ainda sobreviviam, e com isso reuniu vários conhecimentos linguísticos e históricos necessários para sua compreensão. Já a Gramatica nasceu entre os gregos como uma espécie de prime pobre da Retorica, esta ultima bem mais prestigiada como disciplina, poi dependia da capacidade de expressar-se publicamente. Sendo assim a Gramatica era uma disciplina que dizia como devem se expressar-se as pessoas “bem criadas”.

No ensino médio como no superior, um dos pressupostos daquele tempo era, evidentemente, que a escola existia apenas para pessoas que conheciam e praticavam o português culto. Quando se adota esse pressuposto, as variedades não prestigiadas da língua são ignoradas, e a diversidade linguística é lembrada, na melhor das hipóteses, como parte da questão de definir uma pronúncia padrão.

Nos anos que precedeu a introdução da Linguística no Brasil a definição de uma pronuncia padrão esteve varias vezes em discussão: em um congresso realizado em 1936 com Mario de Andrade e Manoel Bandeira, tratou-se de como deveria ser adotado o canto lírico: Mário de Andrade estava em campanha contra a maneira como o português era pronunciado pelos cantores de óperas, que eram frequentemente estrangeiros ou que, mesmo sendo brasileiros, utilizavam sua própria pronúncia regional. Em 1957, um outro congresso teve como participação Antônio Houaiss (o mesmo filólogo que idealizou o Dicionário Houaiss) produziu teses entre duas posições contrarias: : a que reconhecia a existência de diferentes normas regionais e a que recomendava que o teatro adotasse como modelo a pronúncia carioca. Essas iniciativas partiram de três pressupostos: a língua de um país tem que ser uniforme, que o uso linguístico deve ser determinado por superiores e que é tarefa dos especialistas decidir o que é certo, e o que é errado, o que é nobre, o que é vulgar. Os dois eventos teve repercussão: a qual a variedade de pronuncia apontada como exemplar, passaria naturalmente do teatro para o meio de comunicação, o radio e televisão, e depois implantada nas grandes cidades, adotadas em seguida pela a escola. Assim a pronuncia recomendada unificaria linguisticamente o país.



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