26 de junho de 2012

O impacto da Linguística

 Rodolfo Ilari (Unicamp)

No inicio dos anos de 1960, a Linguística se tornou disciplina obrigatória nos cursos de Letras, então se difundiu novos conhecimentos sobre a língua e a linguagem. O Brasil conheceu assim a Linguística estrutural, que estudava qualquer língua a partir do comportamento linguístico observado. Para um estruturalista, a língua não se confunde com as frases que as pessoas usam, ao contrário é um conhecimento socializado que uma comunidade compartilha, ou seja, uma espécie de código que os habilitas a se comunicar entre si.

Aplicadas à situação brasileira, essas ideias levaram, antes de tudo, a perceber que, no espaço comum do que reconhecemos como "o português brasileiro", convive várias "línguas" no sentido estrutural do termo. Ate então os estudiosos que queriam uma língua uniforme, percebeu-se que na realidade estavam sendo preconceituosos: a de considerar como objeto de estudo apenas a língua padrão. O português brasileiro não inclui apenas a língua trabalhada dos grandes escritores ou documentos oficiais, ela abrange também variedades regionais como o “dialeto” caipira, os falares do tapuiocano ou as gírias dos malandros entre outros.

Para um estruturalista nenhuma dessas variedades é intrinsecamente errada. Do ponto de vista da linguagem, nenhum das variedades do português é menos nobre ou menos digna, de estudo de qualquer outra. Sendo assim Linguística estrutural afirmou que a grande tarefa a ser cumprida pela próxima geração seria de descrever as regularidades observadas nas diferentes variedades do português existentes no país. A ideia de Mattoso Câmara reflete isso: “o que é discriminado como erro, pode ser simplesmente uma diferença percebida entre os diferentes sistemas linguísticos que convivem no mesmo país”.

A ideia de que para descrever a realidade linguística brasileira seria preciso documenta-la. Sendo assim houve uma pesquisa concentrada em cinco capitais brasileira ( São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Porto Alegre) a qual a pesquisa utilizou 1570 entrevistas a partir de gravação de voz, e o resultado era que todos os linguistas já sabiam: ninguém fala conforme recomenda a gramatica.

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